O admirável mundo novo chegou. Mas será que já aprendemos a comunicar na sociedade dos dispositivos? | Verlindo

O admirável mundo novo chegou. Mas será que já aprendemos a comunicar na sociedade dos dispositivos?

O admirável mundo novo chegou. Mas será que já aprendemos a comunicar na sociedade dos dispositivos?

Jorge Verlindo
03.05.2021

“Isso é muito Black Mirror”. A expressão sobre a série britânica ficou tão famosa que ganhou uma ação em Madrid, apontando que a sexta temporada já está acontecendo agora. E mesmo que você não tenha ouvido nada do tipo, não há como negar que a nossa realidade muitas vezes parece um enredo de ficção científica. Vivemos dentro de dispositivos das maneiras mais diversas: usando GPS para nos localizarmos, experimentando roupas pelo provadores virtuais, socializando através das mídias sociais. Se não está vivendo através de um, você provavelmente se tornou um pária. E quando falamos de marketing, a prerrogativa não é diferente. Num mundo em que a internet não é mais apenas um canal, mas parte de um todo, é de se imaginar que, se o seu negócio não tem um braço digital, ele está fadado a desaparecer.


Um breve resumo da evolução dos meios de comunicação e de como chegamos até aqui

Antes do black mirror (a tela dos aparelhos eletroeletrônicos), existia apenas a mídia impressa e o famoso boca a boca. Se alguém quisesse promover o seu produto, recorreria a uma gráfica ou um jornal, que também contava com uma gráfica. Mesmo não sendo fácil mapear o alcance dos anúncios como é hoje com os mecanismos de análise tipo Google Analytics, ainda eram poucos anunciantes e veículos entregando as suas ofertas ao grande público.

Depois vieram o rádio e a TV, tomando a frente na distribuição de conteúdo, amplificando a distribuição desses mesmos anúncios impressos. Agora, os anúncios também eram comerciais que passavam entre um programa e outro; tinham mais narrativa, movimento, voz e ação. Pelo tipo de programação, ainda era possível traçar quem estava os consumindo e decidir melhor o que dizer a quem.

Então tudo muda mais uma vez com a chegada da era digital. Os aparelhos começaram a se transformar, diminuir de tamanho e nos acompanhar ao longo de todas as nossas ações do dia. Com a internet, um comercial que antes era exibido apenas no nosso país, passa a aparecer também do outro lado do mundo. Aliás, dependendo da rede que usamos, é possível até pagar para não ver comercial nenhum.


O mundo multicanal está impactando você há um bom tempo

Essa rápida linha do tempo da evolução dos meios de comunicação nos últimos dois séculos mistura-se facilmente com a da evolução do marketing. De acordo com Philip Kotler, um dos maiores teóricos da área, estamos vivendo atualmente o Marketing 4.0; esta é a era do marketing digital.

Muito bem, Marketing 4.0. Mas estamos todos lá?

Este título pode causar uma certa confusão. Muitos empreendedores vão lê-lo e achar que, sim, que já estão surfando na onda 4.0. Afinal, eles têm contas em todas as redes sociais e um serviço de newsletter, por exemplo. Entretanto, apesar de estarem usando ferramentas importantes para sobreviver no mercado, talvez não estejam as aplicando de maneira integrada, que traga todo o potencial que essa era oferece.os principais valores que essa era carrega. 

Os “surfistas de verdade” compreendem o valor da convergência entre a comunicação on e off-line. E ninguém tem executado isso com mais destreza do que a Magazine Luiza. A influenciadora digital, a Lu, conversa com o consumidor pelas redes sociais e canais de venda. Além disso, por conta do alto investimento em tecnologia, as compras ficaram ainda mais personalizadas. Por exemplo, é possível comprar pelo app e retirar na loja. Dessa forma, não é à toa que, entre 2015 e 2018 a empresa aumentou suas vendas em 241% e 51%, nas lojas digital e físicas, respectivamente

Quem está na onda, compreende também a importância do senso de comunidade, o que acaba transformando os consumidores nos maiores representantes das marcas. Como case de sucesso, podemos citar a empresa de skincare Sallve que, apesar de trabalhar com algumas celebridades da internet,  sua maior divulgação acontece entre as pessoas apaixonadas pela marca.

São dois conceitos simples, mas que na prática mudam completamente o jogo. Até porque esse mundo multicanal nos bombardeia com informações de todos os lados e, para sobreviver, é preciso encontrar atalhos para reter o que precisamos.

 

Não temos andróides, mas temos o tão falado algoritmo

Como pode perceber, a competição está acirrada. Por um lado, as grandes marcas conseguem sair na frente, já que podem investir pesado em anúncios e levar seu conteúdo para mais pessoas. Por outro, já que não tem como fugir da tela digital, as marcas pequenas podem estar na mesma praça que empresas conhecidas, mostrando seus produtos no feed ou na timeline do consumidor.

No fim, tudo parece estar resumido ao algoritmo. Ele também é uma espécie de atalho em meio a uma rede que sustenta um número infinito de dados. Há quem possa pagar para ter mais desse atalho. Aos demais, cabe tentar entender como ele funciona para performar bem na esfera virtual. 

Entretanto, a forma como esse algoritmo funciona é mantida em mistério. O Google tem seu manual de boas práticas para ser bem rankeado nas pesquisas, porém tem quem siga tudo à risca e não consiga o resultado almejado. Também é possível que um anunciante seja experiente no uso de palavras-chave e definição de públicos do Google Ads, mas seus anúncios acabam aparecendo em sites que não condizem com os valores da marca, podendo resultar até no temido cancelamento. Independentemente de ser famoso ou não, todos estão sujeitos às falhas da inteligência artificial.

 

A vidas pelas telas no ano em que ninguém saiu de casa

Em 2020, a internet parou para discutir o documentário “O dilema das redes”. Muitas pessoas, inclusive, viram episódios de “Black Mirror” se tornarem realidade e pensaram em desistir de todas as redes sociais; elas levam ao vício, estudos comprovam que a internet está mudando o nosso processo cognitivo e os jovens estão cada vez mais distraídos

Ainda assim, se você não está na internet, é difícil comprovar a sua existência, tanto na esfera pessoal quanto profissional. Mesmo que o serviço prestado pela sua empresa não precise de uma loja on-line, ter um site e uma conta no Instagram pode ser o fator decisivo para que um consumidor opte pelo seu empreendimento. E, se isso já era algo certo antes da pandemia da Covid-19, agora também é uma questão de sobrevivência.

Vivemos um momento em que as redes sociais se tornaram uma necessidade. Por sermos seres naturalmente sociáveis, restou-nos a comunicação via internet. As pessoas ainda ligam umas para as outras, mas na falta de contato humano, as videoconferências, mensagens de texto e interações virtuais se tornaram essenciais.

Ou seja, não há para onde fugir. 

Até porque a tendência é que a situação não mude tão cedo. E, segundo uma pesquisa divulgada pelo site E-Commerce Brasil, 94% dos brasileiros que compraram no e-commerce pela primeira vez pretendem continuar com este hábito, mesmo que mais da metade também sinta falta de fazer compras fisicamente. Daí a importância de entender bem o funcionamento deste mundo multicanal.

 

O que esperar do futuro

Ainda que um em cada quatro brasileiros não tenha acesso à internet, a vida dentro do dispositivo já é uma realidade na nossa sociedade. Até porque, com o crescimento do uso de aparelhos celulares nos últimos anos e por todas as faixas etárias, a área de cobertura tende a crescer.

Facilidades de pagamento para os negócios também têm surgido. Além da personalização na hora compra, como a oferecida pela Magazine Luiza, há novos recursos como o de transações via WhatsApp. Em vários países, há também a possibilidade de realizar pagamentos via SMS. Quem sabe essa tecnologia também não chegue por aqui?

Nas redes sociais, ainda precisaremos lidar com o algoritmo. Buscar conhecimento sobre boas práticas e entender de fato o que as métricas querem dizer é o melhor dos caminhos. Assim, é importante que sejamos eternos vigilantes ao que está acontecendo nas redes sociais, investigando novas ferramentas e observando como elas impactam os negócios e lembrarmos que, apesar de as nossas sociedade e cultura estarem conectadas às redes, é possível usar a internet de forma mais consciente. Você pode delimitar o tempo de uso de certos apps no próprio celular, por exemplo, ou seguir outras dicas como essa.


Como o seu empreendimento se encaixa nesse sistema

A partir de tudo que expomos até aqui, o admirável mundo novo não é tão mais novo assim. Nem precisamos de muito para ver que os dispositivos de todos os tipos já faz parte de todas as esferas da nossa vida, inclusive na dos negócios. Aliás, há aqueles que respiram apenas dentro das telas. Não necessariamente é o caso do seu, mas ter uma presença digital relevante acaba sendo uma espécie de cartão de visitas.

“Mas como performar bem neste cenário dominado por algoritmos e diante de um consumidor que mal consegue prestar atenção em tudo que vê?”, você pode se perguntar.

Em resumo, a resposta está numa análise crítica constante sobre o que é produzido dentro e fora da empresa e na atenção redobrada no como os consumidores reagem a isso, não dependendo apenas do algoritmo para proporcionar insights e ter melhores resultados. Comentários, hashtags, avaliações; tudo é válido para entender a experiência de compra e a percepção de marca. 

Além disso, é de extrema importância que se entenda pelo menos o básico dos relatórios de métricas das redes sociais e de anúncios. Eles são o feedback direto do seu trabalho na internet. Informações sobre o assunto não faltam, inclusive aqui no blog da Verlindo, como este post sobre a diferença entre frequência e alcance.

Por fim, mas não menos importante, faz-se necessário ter um olhar externo para o que está acontecendo à sua volta. A vida multicanal está sempre trazendo novos gadgets e transformando a nossa forma de interagir com o dispositivo. No momento, mídia em áudio e e-mails são os queridinhos da vez, o que pode ser evidenciado com a chegada do Club House e o fortalecimento das Newsletters. Entretanto, o que vai acontecer até dezembro de 2021? Uma odisseia no espaço?

Independente da resposta, a verdade é apenas uma: a não ser que haja algum tipo de tempestade solar que acabe com todos os aparelhos eletroeletrônicos da Terra, como as de histórias de ficção científica, a vida no dispositivo continuará. Resta a nós, seres humanos, aprendermos a lidar com as implicações que ela traz.

Assine nossa Newsletter

Newsletter

Faça sua busca