O que esperar do UX Design em 2020? | Verlindo

O que esperar do UX Design em 2020?

O que esperar do UX Design em 2020?

Deborah Rosa
12.02.2020

Todo ano, aqui na Verlindo nós buscamos novidades e tendência para compartilhar com nossos clientes. E no meio de tanta informação disponível, é fundamental contar com pessoas que façam uma curadoria do que realmente é relevante. E uma delas são a tendências de UX Design para 2020, feitas brilhantemente pelos designers Fabricio Teixeira e Caio Braga.

2020 é um ano icônico. Muitas previsões foram feitas para ele em diferentes áreas, mas agora ele finalmente chegou e o que vai acontecer no design? Eis aqui o que os designers preveem o que será tendências nesse mercado.

1) Design para a era pós-verdade

O crescimento dos vídeos deepfake e a desinformação sendo usada como motor de campanhas políticas nos faz questionar o senso de realidade. Como designers de produtos digitais para a próxima década, é preciso focar na transparência e estimular o pensamento crítico dos usuários.

Em 2019, o presidente dos Estados Unidos compartilhou em sua conta no Twitter um vídeo em que a presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, parecia estar bêbada. Qual a solução encontrada para alertar e combater falsas informações como esta?

O Facebook optou por inserir uma mensagem alertando que a veracidade do vídeo não era confirmada. Já o YouTube, inseriu um aviso abaixo do player para informar de qual empresa ou entidade é o vídeo. O The Guardian também adotou uma estratégia para que os usuários não compartilhem notícias antigas como se fossem atuais. Toda notícia compartilhada contém a data de publicação na imagem de pré-visualização do link.

Usando o design para dar transparência às informações
Estamos vivendo uma era de verdades fragmentadas e de Whataboutism. Pelo menos 70 países tiveram campanhas baseadas e desinformação. As empresas precisam mudar o design de seus produtos para combater esses problemas.

Sites de notícias vêm repensando sua forma de escrever para reduzir as chances de más interpretações. A Axios foca em guiar seus leitores em um consumo mais crítico das notícias, mostrando diferentes lados e porque determinado assunto gera polêmica. [Exemplo: Climate change’s surprise twist]

O Google e a Adobe também estão lançando serviços para mostrar, através da Inteligência Artificial, se um vídeo ou foto foi manipulado.

A verdade é que a desconfiança tomou conta de todos os usuários na internet e os designers têm um grande trabalho pela frente para contribuir no combate às falsas informações e desinformação. Além disso, é também papel do designer alertar sobre como uma plataforma pode ser usada de forma errada por pessoas má intencionadas.

2) A ascensão das microcomunidades

Quem nunca participou de grupos de designers no Facebook e LinkedIn que atire a primeira pedra. A ideia, ao entrar nessas comunidades é saciar nosso senso de pertencimento, de fazer parte de algo maior, mas a realidade acaba sendo bem diferente.

Ou o grupo se torna inativo ou vira um local de autopromoção. As discussões no Reddit são superficiais e causam mal-entendidos; e no Twitter, as mensagens são rasas e pautadas pela polarização e raiva.

É verdade que essas grandes comunidades online tornam o design acessível para mais pessoas, mas para ter conversas realmente proveitosas, o caminho é outro. As discussões migraram para canais mais íntimos e focados, como WhatsApp, Telegram, e direct messages. Elas acontecem entre duas pessoas ou pequenos grupos nos quais os profissionais se sentem confortáveis para receberem feedback, trocarem experiência e discutir as novidades da área.

3) O design como um esporte em grupo

Foi-se o tempo em que os projetos eram trabalho para um designer só. Tudo bem que agências pequenas só podem oferecer uma vaga para a função, mas isso não quer dizer que a ideia de um trabalho solo desapareça se o designer fizer parte de uma grande agência com um time estruturado.

Os designers, na maior parte do tempo, estão concentrados apenas em suas partes do projeto e com raríssimos momentos de colaboração entre as equipes. Mas sem essa troca de ideias sobre o todo gera um produto que reflete o viés de uma visão isolada de mundo míope. E algumas reformulações no fluxo de trabalho podem ajudar, como:

  • Inserir o designer nas pesquisas iniciais aumenta a curiosidade sobre o usuário e os produtos;
  • Promover a interação dos designers com outras equipes em projetos conjuntos estimula a vontade de entregar um trabalho de altíssima qualidade.
  • Oferecer feedback de forma fluida e estruturada, e não apenas com comentários em um documento.

Design é uma disciplina horizontal. E a capacidade natural de empatizar com os outros e entender suas necessidades também pode funcionar favor dos designers nas empresas. Em 2020, ser um facilitador na organização significa reunir a equipe em direção a um objetivo comum, deixar o ego na porta e criar um espaço seguro para a colaboração, independentemente de cargos ou departamentos.

4) Renderizando a intenção

Essa é uma realidade muito comum: um produto começa pequeno e focado. Mas, a equipe chega à conclusão de que é preciso incrementá-lo. Novas versões são lançadas, com ferramentas adicionadas e funcionalidades mais sofisticadas.

Isso pode acontecer a pedido dos usuários, a pedido dos stakeholders ou porque um produto é avaliado pelo número de funcionalidades e não pela relevância dessas funcionalidades. E aí, depois de tantas mudanças, o motivo que levou o usuário a utilizá-lo é diluído. É chegada a hora de parar e até voltar atrás.

Produtos bons fazem menos, mas fazem melhor.

Alguns sites e aplicativos já estão se movendo nessa direção, seja removendo a necessidade de fazer login para utilizar ou excluindo o pixel tracking de emails e optar por não coletar dados dos usuários.

O Instagram é um exemplo de como um produto simples ganha inúmeras ferramentas e reconhece o momento de parar.

  • A primeira versão do aplicativo é 2010 e só permitia aos usuários postar fotos, curtir e comentar. Tudo isso apenas através do celular.
  • Em 2012, já era possível acessá-lo pelo computador. Mas apenas para visualização.
  • Em 2013, chegaram as direct messages, por onde os usuários poderiam conversar de forma privada ou em um grupo de até 15 pessoas.
  • Depois, os vídeos chegaram ao Instagram, mas com apenas 15 segundos de duração. Os vídeos de 1 minutos só foram liberados a partir de 2016.
  • Em 2015, a versão para computador foi ganhando funcionalidades, como ferramenta de buscas e a possibilidade de realizar postagens.
  • Os stories e as lives chegaram em 2016.
  • Os filtros para stories e a função álbum (publicações com até 10 fotos e vídeos) foram lançados em 2017.
  • Em 2018, foi a vez das chamadas de vídeo e também do lançamento do IGTV
  • Em 2020, o Instagram anuncia que vai remover o botão do IGTV da página inicial da rede social. O app revelou que poucos usuários clicavam no ícone.

Segundo o porta-voz do Instagram, a decisão foi tomada baseada em aprendizados e feedback da nossa comunidade, pois o objetivo é deixar o Instagram mais simples possível.

Em 2020, ser intencional com os projetos significa saber que o trabalho é resolver as necessidades dos usuários, não manter os desenvolvedores ocupados. Significa se preocupar mais com nossos usuários e com o impacto do trabalho do que com o próprio trabalho.

5) A morte dos arquivos de design

Esse é um assunto polêmico entre os designers. Se em 2016, o Google Docs mudou a forma que criamos arquivos, em 2019 vimos designers de empresas grandes e pequenas mudar sua rotina de trabalho para um modelo sem documentos – seja usando dropbox paper, definindo estratégias no google spreadsheet, utilizando o whimsical para fazer wireframes ou criando uma UI inteira no figma.

Todos os anos, surge uma infinidade de ferramentas e os designers ficam lutando para acompanhar. Mas, este ano, em vez de focar em novidades, as ferramentas de design estão mudando o foco e abrindo as portas mais novos níveis de colaboração.

Permitir que outros membros da equipe vejam o trabalho em tempo real e participe do processo é enriquecedor. A atenção pode passar de “quais mudanças precisam ser feitas?” para “por que essas mudanças sugeridas são necessárias?”

6) Redescobrindo a arquitetura de informação

A maior parte da vida e das nossas relações mudaram para o espaço digital, portanto, entender e realizar o design para esses espaços se tornou mais importante do que nunca.

A arquitetura de informação é uma parte fundamental do design digital. É ela que organiza as pequenas partes para tornar o todo compreensível. Porém, a necessidade de rapidez na entrega de um produto forçou empresas a copiar modelos de concorrentes, havendo pouquíssimo incentivo para corrigir erros estruturais. Resultado: a rapidez criou uma grande confusão.

Em 2020, a arquitetura de informação se tornou a parte central de todas as instituições digitais. É preciso trabalhar para que essas estruturas sejam úteis, utilizáveis ​​e coerentes. E esses fatores aumentam a importância estratégica do design, sendo necessário entender o panorama geral do ambiente de informações de um produto em vez de focar apenas em sua interface.

7) Aceitando novos superpoderes

Já não dá mais para limitar quem é designer ou não. A UX (experiência do usuário) é um campo que cresce a cada dia e precisamos dos poderes de todos para tornar as experiências criadas as melhores possíveis.

A cada ano – e até mês – surgem diferentes especialidades que vão desde redação até edição de vídeo para UX. Diante disso, os designers reagem de duas formas: Entram na defensiva, rejeitando essa evolução, ou ficam confusos, achando que precisam aprender tudo que surge para criar para UX.

Você pode ser um ótimo designer com um amplo conjunto de habilidades, mas nem todos precisam compartilhar exatamente o mesmo conjunto de habilidades para ser um ótimo designer.

Criar rótulos para as funções é importante, mas não podemos deixar que isso limite a atuação dos designers. O mercado não deveria dividir, mas sim conectar. Em 2020, em vez de insistir em questões como se designers devem ou não desempenhar tal função, devemos receber habilidades novas e muito necessárias em nosso campo de rápido crescimento.

8) Sistemas de design invisíveis

Os sistemas de design conquistaram o interesse de muitos recentemente. Google Trends, Medium, Twitter… ele está lá!

E a primeira imagem que vem à mente quando falamos de sistemas de design é uma biblioteca de UI, de onde o designer copia botões, menus suspensos e cards. Mas isso é apenas a ponta do iceberg. Um sistema de design deve levar em consideração as operações de uma empresa, incluindo suas ferramentas, pessoas, necessidades de acessibilidade, tecnologia e workflow.

Os designers precisam encarar o sistema como um organismo vivo que conecta toda a empresa.

Reflexo dos valores da empresa
Um sistema de design é sobre pessoas: como elas interagem, como elas entendem umas às outras e como elas trabalham juntas para atingir um objetivo em comum. Antes de repensar a cor de um botão, é preciso rever os valores da empresa.

Em 2020, devemos gastar menos energia na criação de novos componentes para o nosso sistema de design e focar nossa atenção na compreensão dos sistemas por trás do design. Porque existe uma grande chance de um sistema criado por um grupo excluir pessoas que não compartilham a mesma raça, gênero, orientação sexual, filosofia, status socioeconômico, idioma, nacionalidade e habilidade que eles.

9) Designers, uni-vos

A internet virou um local de discussão e a comunidade de designers não ficou imune a isso. Todos têm o mesmo objetivo que é criar produtos dos quais se orgulham, que melhoram a vida das pessoas e que movimentam a economia. Ficar brigando sobre a melhor forma de fazer isso não tornará o design mais forte. É preciso quebrar este ciclo. Mas como?

Não é através da caridade

Sim, o design arruinou muitas coisas. Nós trabalhamos para empresas, e empresas precisam ganhar dinheiro. Em sua busca por lucro, empresas fazem decisões que causam problemas sociais e econômicos.

Para compensar isso, designers muitas vezes se envolvem em projetos de caridade, acreditando que isso justifica nosso trabalho do dia a dia. Mas e se pudéssemos influenciar ou reverter algumas decisões ruins?

Nem abandonado o emprego em grandes empresas

Em 2019, vimos vários designers saindo da Google por não concordarem com o contrato firmado com o Governo dos Estados Unidos para implementar inteligência artificial em drones (que podem ser usados para fins militares).

Mas isso não muda o jogo. Existe uma maneira de permanecermos em nossas empresas atuais e provocar mudanças por dentro?

É preciso arregaçar as mangas

2020 é o ano de colocar discussões desnecessárias e imaturas para trás, e começar a agir. Isso pode significar entrar em contato com outros designers e discutir problemas em comum, ou até mesmo formalmente se sindicalizar, algo ainda não visto na indústria tecnológica.

Quando executivos do Kickstarter descobriram que seus funcionários iriam se sindicalizar, estes funcionários foram demitidos e eles publicamente reprovaram a ação. Isso é um sinal que é tempo de se unir.

Para ler o artigo original, acesse: https://trends.uxdesign.cc/#career

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